terça-feira, 18 de novembro de 2014


BRASIL

Política interna


Durante a década de 1970, três generais se sucedem no governo do Brasil. A ditadura militar implantada em 1964 atinge o apogeu durante a primeira metade do decênio, ao fim da qual começa a se abrandar. O AI-5 vigora por quase todo o período, assim como o sistema bipartidário, com a Aliança Renovadora Nacional (Arena) dando sustentação ao governo e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB) fazendo oposição. Os primeiros cinco anos são de prosperidade sob os auspícios do chamado "milagre brasileiro", mas depois a economia entra em crise com a alta dos juros internacionais e do preço do petróleo. A década se aproxima do fim com o ressurgimento dos movimentos sociais e se fecha com o início da redemocratização.


Governo Médici



No início dos anos 70, o regime militar contava com um vasto e verticalizado sistema de inteligência e repressão política que incluía, do topo para a base, órgãos como o Serviço Nacional de Informações (SNI), os centros de informações do Exército (CIEx), Marinha (Cenimar) e Aeronáutica (Cisa), as Delegacias de Ordem Política e Social (Dops), os Destacamentos de Operações de Informações/Centro de Operações de Defesa Interna (Doi-Codi), etc. Dispunha, ainda, do AI-5, o mais discricionário e duradouro dos atos institucionais o qual garantia a supremacia do Poder Executivo sobre os demais poderes – além de manter suspensas as garantias constitucionais, o AI-5, editado em 1968, dava poderes ao presidente da República para fechar por tempo ilimitado o Congresso Nacional, as Assembléias Estaduais e Câmaras Municipais; suspender direitos políticos, cassar mandatos eletivos e demitir ou aposentar juízes e funcionários; decretar estado de sítio e prorrogá-lo por tempo indeterminado. Fazendo decidido uso de recursos como esses, o presidente Emílio Médici, que havia assumido o poder em 30 de outubro de 1969 para um mandato de quatro anos e meio, protagoniza o governo do período militar em que a repressão, o silenciamento das forças de oposição, o cerceamento das liberdades públicas e as denúncias de violação dos direitos humanos atingem o ápice.
Igualmente intolerante a críticas e à contestação pacífica, o governo Médici baixa um decreto-lei estabelecendo a censura prévia a livros e periódicos, o qual é ratificado pelo Congresso em maio de 1970. Jornais, revistas, livros, peças de teatro, filmes e músicas são censurados e tudo aquilo que desagrada às autoridades governamentais é proibido.


Em 1970, a televisão já atingia mais de um quarto da população brasileira. Buscando construir uma imagem positiva do governo, Médici faz intenso uso da propaganda. Como o jornalista Carlos Castelo Branco assinala em janeiro de 1970, "as ditaduras querem a propaganda para substituir a informação e impor uma reação uniforme às medidas governamentais". Com efeito, um dos slogans dessa propaganda dirá: "Brasil, ame-o ou deixe-o". Já outros, como "País que vai pra frente" e "Ninguém segura este país", celebrarão com ufanismo os fatos marcantes da época: crescimento extraordinário da economia, expansão das telecomunicações, conquista do tricampeonato mundial de futebol no México, vitórias de Emerson Fittipaldi na Fórmula 1, realização de grandes obras de infra-estrutura, construção de espigões nas cidades, comemorações do Sesquicentenário da Independência, etc. A propaganda oficial infunde um clima de euforia e a massa da população adere ao "Brasil Grande" apregoado pelos militares.



Nenhum comentário:

Postar um comentário