O Brasil é um país predominantemente católico: quase 60% da população se autodeclara católica segundo pesquisa do IBGE. Em termos numéricos, são 123 milhões de católicos, sendo assim o país com mais católicos no mundo. Apesar desses números, os candidatos que se sobressaem nessa eleição são justamente os evangélicos. Para especialistas, Além do número de católicos ser superestimado pela famosa ideia de “católico não praticante”, existe um alinhamento dos setores mais conservadores da sociedade, sejam eles evangélicos, católicos, cristãos ou não.
Corrida para a Presidência
Marina - discurso de mudança, mas conservadorismo religioso.
O mesmo acontece na corrida eleitoral para presidente. Marina Silva está tecnicamente empatada com Dilma Roussef. Pelo Ibope, Dilma tem 37% e Marina, 33%. Pelo Datafolha, a presidente aparece com 35%, à ex-ministra, com 34%. Na simulação de um segundo turno entre Dilma e Marina, a candidata do PSB venceria a do PT por 48% a 41%, pela pesquisa Datafolha. No Ibope, em eventual segundo turno, Marina tem 46% e Dilma, 39%.
Isso numa população onde a maioria é católica e Marina é declaradamente evangélica, defendendo pessoalmente e deixando de forma subjetiva no plano de governo, pontos específicos de suas crenças particulares.
Segundo a pesquisa Datafolha, entre os eleitores que se declararam católicos, Dilma aparece com 38%, Marina com 30% e Aécio com 18%. Entre os evangélicos pentecostais, Marina tem 41%, Dilma 30% e Aécio, 11%. Já entre os espíritas, Marina tem 44%, Aécio tem 21% e Dilma, 14%.
Paulo Silvino Ribeiro, sociólogo, docente pesquisador da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fespsp), lembra que tanto católicos quanto evangélicos têm uma origem cristã, que acaba alinhando algumas questões, ou seja, esses candidatos recebem votos até de quem não segue suas religiões.
Para especialistas, vários fatores influenciam para atingir o ponto mais elevado nessa situação. Primeiramente, alguns católicos estão alinhados com as perspectivas evangélicas, especialmente quando se trata de temas polêmicos, como aborto, legalização das drogas, pesquisa com células embrionárias, direitos dos homossexuais. Mesmo os “não católicos” convergem para essas opiniões.
“Os ideias conservadores evangélicos atrai católicos e não católicos porque, na média a sociedade brasileira é conservadora, machista. Predomina valores reacionários no âmbito moral. Esse aspecto da sociedade conservadora não tem classe social. Você encontra entre os pobres e ricos, religiosos e não religiosos”, comenta.
Para Marques, Marina representa uma ambiguidade entre o conservadorismo e o progressismo. "Ela tem um programa de valorização do engajamento ecológico, coisa que outros partidos não valorizam. Mas quando se fala da laicidade do estado, defende a discussão de temas polêmicos, mas não tem intenção política de defender as minorias, a descriminalização de aborto, ou usuários de drogas. Não existe uma política que valorize a emancipação desses grupos. Só colocar isso como uma discussão não é efetivo. Não existe uma orientação com um projeto político que valorize esses grupos”, diz.
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